Minha boca diz ao povo acabe o pranto
Que a vitória será certa chegou já
Vem alegre traz canções e seu manto
A bandeira escarlate aqui está
Sólhe pede que se una de levante
Que avance com firmeza e sem medo
Pois o povo tudo esmaga num instante
Mais que pata de elefante é rochedo
Nem encontra resitência não há perigo
Este ciclo é defunto foi vardo
E só o povo tem a chave do seu jazigo
Não o deixe cheirar mal desenterrado
Domingos Fialho Barreto
In "Rescaldos do Vinte Cinco de Abril" Poesias
Hoje fui ao monte e quando fui à horta reparei em como está velho o poço. O poço da minha infância está quase a cair e o tanque onde a minha avó lavava a roupa também. À volta do poço da minha infância já não existe mais a horta, agora só resta o pasto e uma ou duas laranjeiras quase secas. Comi uma laranja e lembrei-me da minha avó, a minha avó costumava cuidar da horta e das laranjeiras e eu costumava ajudar-lhe. O poço da minha infância tinha uma bomba manual de tirar água toda em ferro e eu gostava muito de ajudar a minha avó a tirar água do poço, depois enchíamos os baldes e regávamos a horta. No verão enchíamos também o tanque. À tarde depois da sesta íamos à horta e eu tomava banho no tanque. Quando acabávamos de regar enchíamos os cântaros de água fresca e eu ajudava a minha avó a carregar a água até ao monte. O caminho até ao monte era feito por uma extrema muito estreita e tinha uma ladeira que eu costumava subir a correr enquanto a minha avó gritava lá de longe: Filha olha que partes o cântaro! De manhã ia com o meu avô até ao poço dar de beber às cabras, o meu avô levava uma garrafa de vinho enrolada numa saca de serapilheira e deixava-a dentro poço até à hora do almoço, dizia o meu avô que era para ficar mais fresco. No monte o jantar era servido antes das oito, dizia a minha avó que era para poupar o petróleo do candeeiro. No verão a seguir ao jantar costumávamos sentar-nos na rua do monte à fresca e o meu avô contava-me histórias da sua infância. Às vezes ficávamos só a ver as estrelas e a ouvir as corujas cantar.
Que saudades que eu tenho do poço da minha infância…
Dia 22 de Outubro de 2011 pelas 10:00 da manhã.
Partida do Posto de Turismo, seguindo-se um passeio por algumas artérias da Vila até ao Baldio, onde será feita uma paragem para um lanche / almoço (por conta de cada participante).
O passeio é organizado pela Junta de Freguesia de Amareleja e contará com a participação dos Caminheiros da Portela. Este grupo pertence ao Pedestrianismo e Percursos Pedestres de Portugal.
Esta atividade tem como objetivo caminhar um pouco por todo o País, visitando monumentos, a fauna e flora, apreciando a gastronomia, arte e tradições, conhecer um pouco das gentes, entre outros aspetos de cada região visitada.
Percurso: Saída do Posto de Turismo, segue-se pela Rua da República onde se pode ver a Torre do Relógio e a Igrejinha de Santo António, continua pela Rua de Santo António até à Igreja Matriz. De seguida pela Rua das Ferrarias e Rua da Ponte até à maior Central Fotovoltaica do Mundo, onde se fará uma paragem. Continua o passeio pelo Baldio até aos lagos, ponto onde onde se fará um piquenique.
A Junta de Freguesia terá ao dispor no local do piquenique mesas e bancos.
Nota: Os materiais de divulgação desta actividade foram realizados pelos Técnicos de Marketing Anabela Pais Lucas e Domingos Lucas
O poder já restou monstro moribundo
Arrasta-se varado setas da igualdade
Mãos desse povo conquistam liberdade
Não é mais senhor dono deste mundo
Ele ainda urra gemidos de agonia
Impos de soberba vingador prepotente
Palpa ao acaso falta luz na frente
Fôra vitimado pela cegueira e anemia
Já perdeu escravos reinado absoluto
Se algo o sustem é falsa democracia
Num cerco fechado vale-lhe ser astuto
Porém o manhoso não vai a distância
Só na escuridão e hoje é sempre dia
Breve morrerá junto á ignorância
Domingos Fialho Barreto
In "Rescaldos do Vinte Cinco de Abril" Poesias
De noite os pirilampos
Brilham na escuridão
Assim por esses campos
Vemos luzir o patrão
Vemos luzir o patrão
A sua luz é roubada
Não passa duma ilusão
Sem os bens não é nada
Fialho Barreto - 1977
A Câmara Municipal de Moura reprovou o “Documento Verde de Reforma da Administração Local” apresentado pelo Governo, rejeitando liminarmente as propostas nele incluídas. A tomada de posição foi aprovada por unanimidade pelos eleitos da CDU e do PS, em reunião de câmara realizada na passada terça-feira, 4 de Outubro.
Para os eleitos da Câmara de Moura, as medidas propostas pelo Governo, se levadas à prática tal como preconiza o “Documento Verde”, “transformarão as autarquias locais em entidades subsidiárias do Poder Central, dele dependendo de uma forma que deixa Municípios e Freguesias com a sua autonomia substancialmente limitada”.
Os autarcas afirmam que o “Documento Verde” tem “a presunção de resolver os problemas do Poder Local sem que tais problemas sejam identificados e justificados” e sublinham “o caráter antidemocrático do novo projeto de enquadramento do Poder Local e a inoportunidade da sua aplicação”, que consideram “lesiva dos interesses das populações”.
Eis, na íntegra, a tomada de posição da Câmara Municipal de Moura, aprovada a partir de uma proposta apresentada pelo presidente da autarquia, José Maria Prazeres Pós-de-Mina:
“O Poder Local democrático é uma das mais importantes e decisivas conquistas do 25 de abril de 1974.
Ao longo de 35 anos, uma parte muito importante do desenvolvimento do País passou pela atividade das autarquias locais e seus órgãos (câmaras municipais, assembleias municipais, assembleias e juntas de freguesia). Com todas as dificuldades, limitações e, até, com erros cometidos, Portugal progrediu de forma considerável graças ao esforço conjunto das populações e dos eleitos locais que legitimamente as representam.
A autonomia dos municípios, cujo espírito de liberdade tanto desconforto tem causado ao Poder Central, é agora ameaçada pelo chamado Documento Verde de Reforma da Administração Local, que assenta em três princípios:
1. Reforma de Gestão;
2. Reforma do Território;
3. Reforma Política;
Estes princípios, se levados à prática tal como preconiza o Documento Verde, transformarão as autarquias locais em entidades subsidiárias do Poder Central, dele dependendo de uma forma que deixa Municípios e Freguesias com a sua autonomia substancialmente limitada. Aproveitando elementos conjunturais e procurando tirar partido de um momento de dificuldade, o Governo mais não faz que tentar coarctar de forma drástica a autonomia do Poder Local.
Tais princípios e propostas traduzem-se, na prática:
a) Numa menor capacidade operativa dos municípios, cujo número de quadros dirigentes é reduzido de modo radical, diminuindo assim a capacidade de coordenação e de intervenção das autarquias;
b) Na supressão de freguesias, baseando-se tal corte em pressupostos que nada têm a ver com gestão do território e sim em lógicas quantitativas alheias a uma efetiva ação de proximidade que aqueles órgãos garantem;
c) Numa lógica de desvalorização dos princípios de representatividade democrática (através da introdução de executivos monocolores) e de diminuição da capacidade de intervenção dos eleitos (traduzida na restrição do número de eleitos em regime de permanência), fatores que implicarão, necessariamente, uma menor capacidade de intervenção;
d) Na prevista revisão da Lei das Finanças Locais, domínio onde novos cortes são já anunciados, diminuindo-se assim a autonomia dos municípios e tornando-os totalmente dependentes do Poder Central.
O Documento Verde tem a presunção de resolver os problemas do Poder Local, sem que tais problemas sejam identificados e justificados.
Considerando o caráter antidemocrático do novo projeto de enquadramento do Poder Local, e a inoportunidade da sua aplicação, que se considera lesiva dos interesses das populações, a Câmara Municipal de Moura reprova o Documento Verde de Reforma da Administração Local, rejeitando liminarmente as propostas nele incluídas.”
Info Câmara Municipal de Moura
MANIFESTO
Encontro Distrital de Freguesias de Beja
Não à Extinção. Não à Desertificação
...
As Freguesias da Delegação Distrital de Beja da ANAFRE, reunidas em 15 de Outubro de 2011, na Biblioteca Municipal José Saramago, na cidade de Beja, manifestam a sua total indignação e discordância com a Reforma da Administração Local em curso, que visa a extinção de freguesias, com os seguintes fundamentos:
• A Reforma Administrativa que visa extinguir e aglomerar freguesias é contrária ao desenvolvimento e ao progresso local, e só contribuirá para um maior despovoamento e desertificação das nossas freguesias, e empobrecimento das camadas mais desfavorecidas das populações que aí vivem.
• Pretende-se agora extinguir freguesias, depois de encerrar escolas, postos de saúde, de GNR e de correios, transformando as localidades em lugares completamente abandonados.
• Hoje as Freguesias são células essenciais da vida e estabilidade da organização dos territórios com identidade, cultura, património e muitos anos de história que foram construídos ao longo dos tempos, que devem ser reforçados e aperfeiçoados e nunca exterminados.
• A extinção de Freguesias, não contribui para poupar recursos financeiros, a não ser que se privem as populações respectivas dos serviços e apoios prestados pela freguesia. Pelo contrário, acarretará novos e maiores gastos para um pior serviço às populações.
• A extinção de Freguesias provocará uma diminuição da democracia local através da redução da participação de muitos cidadãos nas decisões que lhes respeitam, ficando o poder cada vez mais distante e mais concentrado.
• Uma Reforma Administrativa deve assegurar a participação das populações, ir ao encontro das suas necessidades e expectativas, assentar na consulta popular, e envolver os órgãos representantes das Freguesias.
O Encontro Distrital de Beja da ANAFRE, deliberou:
a) estar frontalmente contra a extinção ou aglomeração de qualquer Freguesia, a não ser por vontade própria dos seus órgãos, e das suas populações;
b) continuar a manifestar o repúdio pela Extinção de Freguesias, através das seguintes formas: abaixo assinados junto da população, plenários e Assembleias de Freguesia extraordinárias com a participação da população, hastear bandeiras negras e colocar faixas nas sedes da Juntas, vigílias, manifestação e entrega de abaixo assinados na Assembleia da República outras formas adequadas de luta contra a Extinção de Freguesias.
Beja, 15 de Outubro de 2011
"Estamos cá para deixar uma marca no universo. Senão, para que estaríamos sequer aqui?"
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