Terça-feira, 1 de Dezembro de 2009

O CANTE ALENTEJANO

 

 

Os cantares alentejanos são melodias a duas vozes, sobrepostas em terceiras superiores, paralelas. Por vezes, aparece uma terceira voz, um baixo, à quinta inferior em algumas cadências de frases musicais. Estes cantares, a que se dá o nome de modas, são entoados por grupos de homens que se juntam espontaneamente e cantam, cantam, até afinar, até poderem aparecer pelas ruas das povoações dando largas à sua imaginação e fantasia. Escolheram-se entretanto os que devem servir de ponto, isto é, os iniciadores das modas, e também os altos, que retomam as modas já iniciadas, aos quais se juntam finalmente os segundos, ou baixões, como lhes chamam, constituindo-se desta forma um grupo perfeito, em consonância com a tradição.  
 
Qual é a origem deste solene e reverencial cante alentejano, monótono e triste, majestoso e imponente? O que podemos dizer é que nele sobressaem formas dos antigos modos gregorianos, como o mixolídio, o frígio e o eólio, por exemplo nas modas Meu Lírio Roxo, Vamos a Cantar os Reis e Serpa do Alentejo; que o cante alentejano é todo em tons maiores; que o soluço eclesiástico, de uso tão frequente na Idade Média, também se usa em algumas modas alentejanas, como, por exemplo, A Ribeira do Sol Posto; que o trítono, suprimido pela revolução musical schonbergiana, no século XX, existe também em algumas modas alentejanas, como em Ao Romper da Bela Aurora; que o acorde incompleto de tónica e quinto, também em uso no mesmo século, se utiliza nas modas alentejanas; que há muitas modas que principiam pela subdominante, o quarto grau da escala maior diatónica; que no século XV os frades da serra de Ossa, após terem frequentado as escolas de polifonia clássica em Évora, fundaram depois em Serpa, além do Convento dos Paulistas, escolas de canto popular, razão por que esta vila é uma das terras em que melhor se canta, e que, tendo a conquista do Alentejo aos Mouros sido feita com soldados do Norte do País, que aqui permaneceram até à sua consolidação, estes, conhecedores já do fabordão, o deviam ter ensinado aos Alentejanos, razão por que este cante é cantado geralmente só por homens.
Muito haveria ainda a dizer, do ponto de vista sociológico e antropológico, devido às profundas marcas que eles imprimiram no Alentejanos. Onde estes se encontrem, aí estão as suas inesquecíveis modas, a traduzir o amor e a saudade, a alegra e a dor, que a todos uniam comunitariamente. A vida rija e dura que o alentejano sempre levou foi suavizada, embalada pelos seus tristes, dolentes e tradicionais cantares.

 

 

AMARELEJA PLENA DE SOL
 
Ó LINDA OBRA PERFEITA
QUE NOS DÁS TANTO PRAZER
TÃO FÁCIL DEPOIS DE FEITA
(Ó LINDA OBRA PERFEITA)
TÃO DIFICIL DE FAZER
 
NASCE O SOL ATRÁS DO MONTE
E COM ELE UM NOVO DIA
ESTENDE A LUZ NO HORIZONTE
(NASCE O SOL ATRÁS DO MONTE)
ÈS A NOSSA ENERGIA
 
TANTAS HORAS, TANTOS DIAS
TANTO SOL NA IMENSIDÂO
RENOVAR AS ENERGIAS
(TANTAS HORAS TANTAS DIAS)
È A MELHOR SOLUÇÂO
 
AMARELEJA ÈS FALADA
EM CALOR NÂO TENS IGUAL
BELA TERRA ABENÇOADA
(AMARELEJA ÈS FALADA)
POIS JÀ NASCEU A CENTRAL
 
Grupo Coral da Soc Recreativa

 

amarelejando às 00:41
link | comentar | favorito

» AUTORA DO CANTINHO

» SIGAM-ME

. 6 seguidores

»Dezembro 2011

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
28
29
30
31

»Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

»COMENTADORES DE SERVIÇO

Pois é QuinaComo eramos felizes nessa altura! Fora...
Olá Manuel É claro que não me importo, até agradeç...
Esqueci-me de me identificar: manuelfialho@gmail.c...
Viva!Como revi parte da minha infância neste texto...
Olá, eu gostaria que me pudessem dar uma ajudinha ...
... o título correcto do post seria " Não à extinç...
cidália, ao ler este pequeno texto que tu escrevei...
Esse pôr de sol, eu já vi!Há sessenta anos, ou mai...
É verdade Cidália a Amareleja também foi represent...
sem eu gostar de dizer estas coisas, mas não resis...

»O QUE JÁ ACONTECEU

» Dezembro 2011

» Outubro 2011

» Setembro 2011

» Agosto 2011

» Julho 2011

» Junho 2011

» Maio 2011

» Abril 2011

» Março 2011

» Fevereiro 2011

» Janeiro 2011

» Dezembro 2010

» Novembro 2010

» Outubro 2010

» Setembro 2010

» Agosto 2010

» Julho 2010

» Junho 2010

» Maio 2010

» Abril 2010

» Março 2010

» Fevereiro 2010

» Janeiro 2010

» Dezembro 2009

» Novembro 2009

» Outubro 2009

» Setembro 2009

» Agosto 2009

» Julho 2009

» Junho 2009

» Maio 2009

» Abril 2009

» Março 2009

» Fevereiro 2009

» Janeiro 2009

» Dezembro 2008

» Novembro 2008

» Outubro 2008

» Setembro 2008

» Agosto 2008

» Julho 2008

» Maio 2008

» Abril 2008

» Março 2008

» Fevereiro 2008

» Março 2007

» Fevereiro 2007

» Novembro 2006

» Agosto 2006

» Julho 2006

» Maio 2006

»O QUE JÁ ACONTECEU

» Dezembro 2011

» Outubro 2011

» Setembro 2011

» Agosto 2011

» Julho 2011

» Junho 2011

» Maio 2011

» Abril 2011

» Março 2011

» Fevereiro 2011

» Janeiro 2011

» Dezembro 2010

» Novembro 2010

» Outubro 2010

» Setembro 2010

» Agosto 2010

» Julho 2010

» Junho 2010

» Maio 2010

» Abril 2010

» Março 2010

» Fevereiro 2010

» Janeiro 2010

» Dezembro 2009

» Novembro 2009

» Outubro 2009

» Setembro 2009

» Agosto 2009

» Julho 2009

» Junho 2009

» Maio 2009

» Abril 2009

» Março 2009

» Fevereiro 2009

» Janeiro 2009

» Dezembro 2008

» Novembro 2008

» Outubro 2008

» Setembro 2008

» Agosto 2008

» Julho 2008

» Maio 2008

» Abril 2008

» Março 2008

» Fevereiro 2008

» Março 2007

» Fevereiro 2007

» Novembro 2006

» Agosto 2006

» Julho 2006

» Maio 2006

»OS RETRATOS

»PROCURAR