Quinta-feira, 20 de Outubro de 2011

O POÇO DA MINHA INFÂNCIA

 

 

 

Hoje fui ao monte e quando fui à horta reparei em como está velho o poço. O poço da minha infância está quase a cair e o tanque onde a minha avó lavava a roupa também. À volta do poço da minha infância já não existe mais a horta, agora só resta o pasto e uma ou duas laranjeiras quase secas. Comi uma laranja e lembrei-me da minha avó, a minha avó costumava cuidar da horta e das laranjeiras e eu costumava ajudar-lhe. O poço da minha infância tinha uma bomba manual de tirar água toda em ferro e eu gostava muito de ajudar a minha avó a tirar água do poço, depois enchíamos os baldes e regávamos a horta. No verão enchíamos também o tanque. À tarde depois da sesta íamos à horta e eu tomava banho no tanque. Quando acabávamos de regar enchíamos os cântaros de água fresca e eu ajudava a minha avó a carregar a água até ao monte. O caminho até ao monte era feito por uma extrema muito estreita e tinha uma ladeira que eu costumava subir a correr enquanto a minha avó gritava lá de longe: Filha olha que partes o cântaro! De manhã ia com o meu avô até ao poço dar de beber às cabras, o meu avô levava uma garrafa de vinho enrolada numa saca de serapilheira e deixava-a dentro poço até à hora do almoço, dizia o meu avô que era para ficar mais fresco. No monte o jantar era servido antes das oito, dizia a minha avó que era para poupar o petróleo do candeeiro. No verão a seguir ao jantar costumávamos sentar-nos na rua do monte à fresca e o meu avô contava-me histórias da sua infância. Às vezes ficávamos só a ver as estrelas e a ouvir as corujas cantar.

Que saudades que eu tenho do poço da minha infância…   

:
amarelejando às 23:28
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5 comentários:
De Joaquina Ganhão a 22 de Março de 2012
cidália, ao ler este pequeno texto que tu escreveiste sobre o monte dos teus avos, fez me relembrer também alguns dia passados no monte, que dias tão bom, e como nós eramos tão felizes, que corriamos por aqueles caminhos a fora e colhiamos aquelas flores amarelas, e levavamos varias horas a fazer pluseiras e fios de malmequeres.... QUE SAUDADES.
E o tal dia da matança do porco, que espectacular. bjs nunca me vou esquecer....CIDALIA
De amarelejando a 5 de Junho de 2012
Pois é Quina
Como eramos felizes nessa altura! Foram essas lembranças boas que me levaram a escrever este texto.
Agora tens que ir lá ver o monte, estão novo em folha e muito bonito!
De Anónimo a 4 de Junho de 2012
Viva!
Como revi parte da minha infância neste texto, tomei a liberdade de copiá-lo para o meu mural do facebook. Se tiver algo a opor agradeço que me comunique, para retirá-lo.
Ob
De amarelejando a 5 de Junho de 2012
Olá Manuel

É claro que não me importo, até agradeço a partilha.

Cidália
De Anónimo a 4 de Junho de 2012
Esqueci-me de me identificar:
manuelfialho@gmail.com

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