Apurou o Padre Lobato que, tanto quanto se sabia, a primeira pessoa que aqui se dedicou a ensinar crianças foi Agostinho Freire, indivíduo ligado, por uma sua tia, aos Távora, que aqui tinham propriedades, e por cá teria ficado depois do aniquilamento dessa família por Pombal. Teria criado uma pequena escola para ganhar a vida e exerceu também o lugar de escrivão na Confraria do Santíssimo Sacramento nos primeiros anos do séc. XIX. Em 1863, ainda segundo o autor, lia-se nas actas da Junta de Paróquia que a mesma, convocada pelo comissário de estudos do distrito, Francisco da Cunha Rego, lhe sugeriu tomasse em consideração o Ofício Circular de 30 de Junho desse ano. Nos termos do mesmo, deveria a Junta pronunciar-se sobre o interesse em criar aqui o ensino primário para o sexo feminino, instalações, mobiliário e utensílios. Queria a Coroa difundir pelo país o ensino primário, mas estando os cofres públicos vazios, solicitava que a junta e particulares auxiliassem o Governo e fornecessem ainda material para as escolas.
Deliberou a Junta que:
-Considerava da maior urgência e necessidade a criação do ensino para o sexo feminino;
-Dada a população da freguesia, o mesmo poderia servir mais de 60 alunas;
Fornecia casa, mobília e utensílios;
-Fornecia, para a escola, do sexo masculino o mesmo, pagando também a renda da casa;
-Daria ainda uma verba, específica, para pagamento de livros e demais necessidades para as escolas dos dois sexos. Para fazer face a esta sobrecarga do erário local, propôs o Regedor da Paróquia que se aumentasse cem porcos ao número dos já orçados a admitir no logradouro comum para o aproveitamento da bolota. Daqui se esperava uma receita suplementar, superior a 50.000 réis.
Em 1865 a Junta deu mais um passo para a concretização, com uma dotação de 14.400 réis e mobília, começando a escola feminina pouco depois.
Em 1867 verificavam-se dificuldades a escola necessitava de mais material e melhoramentos e a frequência era reduzida. Solicitou-se então à inspecção o fornecimento de mais livros e outro material didáctico, mobília e diversos.
No ano seguinte e com a aprovação superior, trataram a Junta e o Regedor da empreitada para a construção de um edifício escolar, tendo a mesma disponibilizado 530.650 réis. Deu-se assim o primeiro passo para aquela que serviu de escola feminina até há poucas décadas, conhecida por Escola Régia. Em 1874 e 1875, e com o apoio da Câmara decidiu-se a construção, a criação de um curso nocturno para adultos e a nomeação de uma comissão para acompanhar a questão do ensino na aldeia.
A partir de 1878, data em que a legislação tornou obrigatório o ensino, ficou o processo mais facilitado. O primeiro professor oficial, Agostinho Aresta Jorge era da terra e supõe-se que já leccionava em 1867. Os professores oficiais que se lhe seguiram eram também daqui embora continuasse a haver escolas particulares, as chamadas “escolas de paga”. (….)
Em 1931, como já se assinalou, apelava a Junta para a necessidade de mais professores e salas de aula, carência essa que privava de instrução cerca de 400 crianças. Nesse ano a frequência escolar oficial era de 250 alunos, havendo 4 professores. No ensino particular eram 3 os professores e 150 alunos. O recenseamento escolar obrigatório, já previsto na legislação de 1878 acusava, na altura 435 rapazes e 353 raparigas, pelo que , devido às carências anotadas, ficavam d fora “da luz benéfica da instrução” 388 crianças. (….)
Em 8 de Setembro de 1951, as novas eram igualmente boas:
“Pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais – Delegação das Obras de Construção de Escolas Primárias – acaba de ser concluído um edifício escolar de quatro salas, na importante freguesia de Amareleja – do plano dos Centenários – Será custeado em partes iguais pelo Ministério das Obras públicas e pela Câmara Municipal de Moura.
É provável que já possa funcionar no inicio do ano escolar, em Outubro (….) ”
Em 1 de Fevereiro de 1954, numa reunião em Amareleja, com a presença de entidades oficiais e gentes da terra, decidiu-se criar uma cantina escolar.
Em 1 de Agosto de 1959 A Planície informava que tinha sido concedida autorização do Ministro da Educação para que se realizassem os primeiros exames da 4.ª classe, na freguesia de Amareleja, permitindo assim que muitas crianças oriundas de famílias pobres pudessem concluir o ensino primário
Fonte: Amareleja Aspectos Históricos de Norberto Franco.
Contava-me o meu avô no outro dia que não concluiu a 4.ª classe precisamente por esse motivo. O exame era feito em Moura, na altura os pais não tinham posses para pagar as despesas da viagem, e mesmo sendo um excelente aluno não pode concluir o ensino primário porque faltou ao exame final.