Fotografia: Amareleja - Valtamujo Setembro de 2011
Árvores do Alentejo
Horas mortas... Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido... e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!
E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro a giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!
Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
Pedindo a Deus a minha gota de água!
A fotografia é minha, foi tirada no Vale Tamujo uma propriedade da freguesia de Amareleja. O poema é de Florbela Espanca, uma das minhas poetisas portuguesas preferidas.
Tenham um bom fim de semana e não se esqueçam de ser felizes :)
Festa de Natal do Centro Social de Amareleja
Pormenor importante: Um dos Reis Magos é o meu querido avô, uma das vozes do coro é a minha menina linda.
Depois de três dias de grande animação e muito trabalho aqui fica finalmente a 1.ª Parte da Foto Reportagem da IX Feira da Vinha e do Vinho 2010.
Brevemente serão publicadas as restantes fotografias.
Ver reportagem Aqui
Foto: Amarelejando, Dezembro de 2010
Orientada,
desoriento-me
na direcção contrária à direcção
conserto o certo
sem passos...
Meta dimensionada,
a mente foge...
prendo-a com os meus laços,
encerro-a no meu templo!
Surro-me.
Serro-me.
Abro
o cerrado espaço interno,
desorientadamente
chego mais perto...
Num desacertado
e incerto acerto
acerto os ponteiros do tempo...
nesse tenso abraço inconsciente
"Retirado da Internet"
Liberdade
— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga, in 'Diário XII'
A Estação Biológica do Garducho (EBG) será oficialmente inaugurada no dia 19 de Outubro do Ano Internacional da Biodiversidade. Situada em plena Rede Natura 2000 e tendo já conquistado o prémio mais importante de arquitectura da Península Ibérica, a EBG promete ser uma referência na conservação da natureza a nível regional, nacional e europeu. Na sessão de inauguração será ainda lançado o livro ceai@ebg que divulga o edifício como espaço dedicado à conservação do património natural, assim como os aspectos inovadores no que respeita à sua traça, aos materiais e tecnologias utilizados e à intervenção artística, da autoria de Fernanda Fragateiro. O livro é editado pela DARCO e o prefácio assinado por Viriato Soromenho Marques.
PROGRAMA
15h00 - Sessão de abertura: Importância Ecológica da Região Moura - Mourão - Barrancos. Tito Rosa,
Presidente do ICNb.
15h15 - Biodiversidade, Fundos Estruturais e Desenvolvimento Local. Representante da CCDRA.
15h30 - Historial da EBG. Carla Janeiro, Presidente da Direcção do CEAI.
15h45 - Apresentação do Projecto Life+ Habitat Lince Abutre. Eduardo Santos, LPN e Alfonso Godino, CEAI.
Coffee break
16h15 - Projecto da EBG. João Maria Trindade, VENTURA TRINDADE arquitectos.
16h30 - Prémio FAD | Arquitectura 2009. Fundação Arquinfad, Barcelona.
16h45 - Lançamento do livro ceai@ebg. Viriato Soromenho Marques, Programa Ambiente - Fundação Calouste
Gulbenkian.
17h00 - Visita guiada à EBG.
17h30 - Granja de honra.
A sessão está aberta a associados, convidados e meios de comunicação social.
Nota pessoal: Porque é que será que também recebi convite!!! Será que o Amarelejando faz parte da "Comunicação Social"???
Amareleja, terra do Sol e do bom vinho, é assim que é conhecida a nossa terra.
Por esta altura a azafama das vindimas invade os nossos campos, é preciso colher o fruto na altura certa, este ano o excesso de água fez baixar o grau, e dizem os entendidos que não será um bom ano de vinho. "A ver vamos". Hoje, no dia em que se comemora o centenário da República, e aproveitando o feriado nacional, fui à Vindima. Sempre gostei do trabalho do campo, e a vindima sempre me deu um gozo especial. Não são necessários grandes conhecimentos para apanhar a uva, apenas alguma ginástica e alguma força para carregar as caixas para o reboque. O resultado de um dia, duas toneladas de "moreto" (é assim que se chama a casta) e muitas dores nas costas. Agora só falta fazer o vinho, e esperar para provar a "pomada".
Ruínas
Se é sempre Outono o rir das Primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair...
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!
E deixa sobre as ruínas crescer heras,
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino das Quimeras!
Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais alto do que as águias pelo ar!
Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!... Deixa-os tombar... Deixa-os tombar.
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"
Pois é, parece que fui enganada.
"Aquilo não custa nada, é só um passeio blá blá blá.... blá blá blá"
Meus senhores não vos digo nem vos conto, iam acabando comigo, 25km, sim leram bem 25km de "barrêras" e "precepícios", e só com direito a umas breves paragens, tão breves que nem dava tempo para respirar, a paisagem até era bonita, mas nem nos deram tempo para a apreciar. Mas eu não desisti, que eu não sou cá mulher de desisir de nada, era só o que faltava!!!
Cheguei em último, mas consegui atingir o objectivo traçado "chegar ao fim".
Bem pelo menos a história do "pic-nic" quero dizer "abastecimento"era verdade, e as mocinhas que lá tavam eram tão simpáticas, tão simpáticas, foi a sorte, se não, não sei se teria aguentado.
Ahhh já me esquecia, também quero agradecer ao Quim "carro vassoura", que me apoiou nos momentos mais dificieis e ao senhor Zé e ao Luís que me empurrava nas subidas mais íngremes e a todas as colegas que esperavam por mim para eu não ficar sozinha, enfim sem eles não teria conseguido!!
As fotos, bem as fotos foi o que consegui arranjar, dadas as circustâncias até não estão muito más, mas há mais aqui e aqui
Já devem ter percebido que estou brincar!!!! Correu lindamente, parabéns à organização, a culpa é mesmo minha, tenho andado a faltar aos treinos, pró ano já não me enganam, começo a treinar dois ou três meses antes.
Eu Sou do Tamanho do que Vejo
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema VII"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Os Captivos
Encostados às grades da prisão,
Olham o céu os palidos captivos.
Já com raios obliquos, fugitivos,
Despede o sol um ultimo clarão.
Entre sombras, no longe, vagamente,
Morrem as vozes na extensão saudosa.
Cae do espaço, pesada, silenciosa,
A tristeza das cousas, lentamente.
E os captivos suspiram. Bandos de aves
Passam velozes, passam apressados,
Como absortos em intimos cuidados,
Como absortos em pensamentos graves.
E dizem os captivos: Na amplidão
Jamais se extingue a eterna claridade...
A ave tem o vôo e a liberdade...
O homem tem os muros da prisão!
Aonde ides? qual é vossa jornada?
Á luz? á aurora? á immensidade? aonde?
— Porém o bando passa e mal responde:
À noite, á escuridão, ao abysmo, ao nada! —
E os captivos suspiram. Surge o vento,
Surge e perpassa esquivo e inquieto,
Como quem traz algum pezar secreto,
Como quem soffre e cala algum tormento.
E dizem os captivos: Que tristezas,
Que segredos antigos, que desditas,
Caminheiro de estradas infinitas,
Te levam a gemer pelas devezas?
Tu que procuras? que visão sagrada
Te acena da solidão onde se esconde?
— Porém o vento passa e só responde:
A noite, a escuridão, o abysmo, o nada! —
E os captivos suspiram novamente.
Como antigos pezares mal extinctos,
Como vagos desejos indistinctos,
Surgem do escuro os astros, lentamente.
E fitam-se, em silencio indecifravel,
Contemplam-se de longe, mysteriosos,
Como quem tem segredos dolorosos,
Como quem ama e vive inconsolavel...
E dizem os captivos: Que problemas
Eternos, primitivos vos attrahem?
Que luz fitaes no centro d'onde saem
A flux, em jorro, as intuições supremas?
Por que esperaes? n'essa amplidão sagrada
Que soluções esplendidas se escondem?
— Porém os astros tristes só respondem:
A noite, a escuridão, o abysmo, o nada! —
Assim a noite passa. Rumorosos
Susurram os pinhaes meditativos,
Encostados ás grades, os captivos
Olham o céo e choram silenciosos.
Antero de Quental, in 'Sonetos'
Amareleja, Agosto de 2010
Pátria pequena, deixa-me dormir,
Um momento que seja,
No teu leito maior, térrea planura
Onde cabe o meu corpo e o meu tormento.
Nesta larga brancura
De restolhos, de cal e solidão,
E ao lado do sereno sofrimento
Dum sobreiro a sangrar,
Pode, talvez, um pobre coração
Bater e ao mesmo tempo descansar...
Miguel Torga
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