Fotografia: Amareleja - Valtamujo Setembro de 2011
Poetas não podem calar-se,
Querem às turbas mostrar-se.
Há de haver louvores, censuras!
Quem vai confessar-se em prosa?
Mas abrimo-nos sob rosa
No calmo bosque das musas.
Quanto errei, quanto vivi,
Quanto aspirei e sofri,
Só flores num ramo — aí estão;
E a velhice e a juventude,
E o erro e a virtude
Ficam bem numa canção.
Johann Wolfgang von Goethe (1749 - 1832)
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…
Foto: Amarelejando - Setembro de 2010
É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.
É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas…
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o…
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga…
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça…
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o…
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida…Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar para que não apenas sonhemos,
Mas também tornemos todos esses desejos, realidade!!!
Cecília Meireles
2010 foi um ano difícil?
Mas quem é que disse que eu gosto de coisas fáceis!!!
Votos de um excelente 2011 para todos.
Este Natal
Não cruzes os braços
Traz Augusto Gil para a tua janela
E cisma na sua balada, através da vidraça
Levanta os braços miniaturas
Dos pezitos de criança, que na neve
Imprime a traça
Este Natal
Não cruzes os braços
Conta a Miguel Torga uma história antiga
E não deixes que matem as crianças
De fome, de frio, de abandono
Esse palmo de sonho
Basta
Este Natal
Não cruzes os braços
Vai com Nascimento à Madeira
Onde o Natal não é convencional
Nem pinheiros, nem neve, nem pastores
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual
Este Natal
Não cruzes os braços
Convida Natália Correia para falar de amor
Acolhe todas as crianças
E na tua fraternidade
Coloca o que a infância pedia às andorinhas
Sentimento com vozes e com pinhas
Este Natal
Não cruzes os braços
Vai com Mourão Ferreira ao cais da maresia
Junto dos que se perdem
No vento que fazia
Ver do que precisam
Pão, Mar ou Poesia
Este Natal
Não cruzes os braços
Enquanto houver frio e mesas sem irmãos
Diz com pessoa um poema
Tenho frio e Natal não
Faz Natal
Este Natal
Não cruzes os braços
Percorre o dia que esmorece
Com Nemésio pelo canal
Nas ruas cheias de rumor
Onde a alma não desaparece
Hoje é Natal mas pouco amor
Este Natal
Não cruzes os braços
Vem sonhar com Sebastião da Gama
Basta a fé no que temos
Basta a esperança naquilo
Que talvez não teremos
Basta que a alma demos
Neste Natal
Não cruzemos os braços
Sejamos
NÓS E OS OUTROS
Fonte: ANAFRE Informa…
Foto: Amarelejando, Dezembro de 2010
Orientada,
desoriento-me
na direcção contrária à direcção
conserto o certo
sem passos...
Meta dimensionada,
a mente foge...
prendo-a com os meus laços,
encerro-a no meu templo!
Surro-me.
Serro-me.
Abro
o cerrado espaço interno,
desorientadamente
chego mais perto...
Num desacertado
e incerto acerto
acerto os ponteiros do tempo...
nesse tenso abraço inconsciente
"Retirado da Internet"
"Porque hoje é um dia especial para mim, vou presentear os meus amigos com este poema:
A minha vida é um mar!...
Mar de rosas, mar de espinhos
Onde se fecham e abrem caminhos
Que atravesso sem me picar...
A minha vida é um mar!...
Maré vazia... maré cheia...
Onde o canto da sereia
Me ajuda a caminhar.
A minha vida é um mar
D'águas profundas, tenebrosas,
Onde nem tudo são rosas
Mas onde passo a cantar...
A minha vida é um mar
De aguas calmas e belas
Sob um lençol de estrelas
Que me ensinam a amar!"
Marília Costa - 09/11/2010 - Via Faceboock
Liberdade
— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga, in 'Diário XII'
No copo de água redondo do Sistema Solar,
Surge uma reacção química singular.
As bactérias e os organismos no mar
conseguem a terra dominar.
Quatro eras indomáveis passam,
Cada uma mais bela que a anterior!
Meteoritos as devassam,
Mas chega O Ser "superior"....
O Nosso belo Mundo harmonioso;
Escondia agora um segredo tenebroso!
Sob a camada do azul glorioso,
Subsiste um crime pernicioso...
Há trinta! Decadentes! Lustros:
Uma máquina foi idealizada.
A salvação da civilização?
Não!
A derrota de milhões d' anos d' evolução!!!
Constantemente em repressão,
Até hoje, oh infelicidade disperssante!
A vida tem vindo a vergar-se à capitalização.
E toda a floresta, desesperada, morre, confinante!
Tudo, Hoje, é uma agressão; sensorial!
As "cidades", minadas!
Por dezenas de serpentes;
Brancas, escarlates, amaldiçoadas.
Inacabáveis colunas decadentes...!
E...coloridos matizes?
Não!
mais escamas enegrecidas...
Tantas como as mortes enaltecidas.
A Humanidade...
O seu sentido racional...a mente amante!
Entrou tudo num turbilhão possante
Tal qual vírus absorvente e alarmante.
Catalizado pela doente comunicação,
A qual entrou no quarto da...corrupção.
Se a tragédia estava feita, "a caixa" trouxe pior.
Teratoneladas de nefasta violência e de rumor
Enfatizam guerras e desrespeito humano sem pudor,
Pela imaculada, mas condenada paz até...!
Existem, efémeras, divisórias entre o bem e o mal...
Porém, misturam-se estas numa solução coloidal,
Somente destrinçada por microscópios potentes
Munidos com poderosas, magnas, neurolentes.
Um Mundo multipolar que converge nas cidades
Fazendo pouco do espaço e do tempo com saudade...
Vivendo da esmerada Natureza, qual mãe estafada,
Não em sintonia com ela e esperando que consinta.
Estando o mal realizado, não há mais a compor
Enquanto o ambiente cínico do banco encobrir o seu, fétido, odor,
O Presságio da ganância, da Morte e do Terror,
Jamais deporão os senhores do Mundo do mal...
A Utopia, obstinadamente desejada,
Mantém o pé fora do Universo Físico
Enquanto a confiança mútua for mínima
e o civismo, por satisfação, raro,
Nunca veremos a sua bondosa face.
Religioso ou Comunista,
Rico ou Exilado
Pobre, Capitalista
Popular ou mesmo Ateu,
Só uma mente aberta é feliz.
É justa, é cívica, é livre
Como os elementos,
como foi Prometeu...
Este poema foi escrito pelo "misterioso visitante de Shangai " quando tinha apenas 14 anos, um Jovem Astrofísico Amarelejense (ou quase), que passou por Shangai e está neste momento na Holanda, na Universidade de Utretch a desenvolver uma tese de doutoramento em Física Solar.... (mais um mistério desvendado).
Ruínas
Se é sempre Outono o rir das Primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair...
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!
E deixa sobre as ruínas crescer heras,
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino das Quimeras!
Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais alto do que as águias pelo ar!
Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!... Deixa-os tombar... Deixa-os tombar.
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: «La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos».
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.
Pablo Neruda, 1924 |
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mário Quintana
Nota pessoal: aaaaatchimm, coof, coof ... estou que nem posso, o melhor mesmo é ir tomar um chazinho e ... xixi cama.
Amareleja, Agosto de 2010
Pátria pequena, deixa-me dormir,
Um momento que seja,
No teu leito maior, térrea planura
Onde cabe o meu corpo e o meu tormento.
Nesta larga brancura
De restolhos, de cal e solidão,
E ao lado do sereno sofrimento
Dum sobreiro a sangrar,
Pode, talvez, um pobre coração
Bater e ao mesmo tempo descansar...
Miguel Torga
As ausências geram sons
Que atravessam a linha
Do tempo.
As ausências geram sons
Acordes involuntários
Alheios ao diapasão.
As ausências geram sons
E perpetuam suas presenças
Sem alarde.
Oh, aromas da saudade
Visitando remota canção!
Mário Massari
Olha pra mim, amor, olha pra mim;
Meus olhos andam doidos por te olhar!
Cega-me com o brilho de teus olhos
Que cega ando eu há muito por te amar.
O meu colo é arrninho imaculado
Duma brancura casta que entontece;
Tua linda cabeça loira e bela
Deita em meu colo, deita e adormece!
Tenho um manto real de negras trevas
Feito de fios brilhantes d`astros belos
Pisa o manto real de negras trevas
Faz alcatifa, oh faz, de meus cabelos!
Os meus braços são brancos como o linho
Quando os cerro de leve, docemente…
Oh! Deixa-me prender-te e enlear-te
Nessa cadeia assim etemamente! …
Vem para mim,amor…Ai não desprezes
A minha adoração de escrava louca!
Só te peço que deixes exalar
Meu último suspiro na tua boca!…
Florbela Espanca
Imagem: Danièle Severi
Cala-te, a luz arde entre os lábios,
e o amor não contempla,
sempre o amor procura,
tacteia no escuro,
essa perna é tua? esse braço?,
subo por ti de ramo em ramo,
respiro rente à tua boca,
abre-se a alma à língua,
morreria agora se mo pedisses,
dorme,
nunca o amor foi fácil,
nunca,
também a terra morre.
Eugénio de Andrade
Há pouco quando ficaram
Teus olhos presos nos meus
Quantos segredos contaram
Quantas coisas revelaram
Nessa confissão meu Deus
No silêncio desse adeus
Há pouco quando teimosas
Duas lágrimas rolaram
Trementes silenciosas
Deslizaram caprichosas
E nos teus lábios pararam
E nosso beijo selaram
Há pouco quando partiste
Todo o céu enegreceu
Ainda bem que tu não viste
Formou-se uma nuvem triste
Chorou o céu e chorei eu
E a saudade aconteceu
Camané
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